domingo, 28 de maio de 2017

Análise das contratações avaianas para 2017

Passadas duas rodadas do Campeonato Brasileiro, já ficou claro que o Avaí precisa de reforços, e a diretoria, mesmo que atabalhoadamente, tem ido atrás, mas ainda sem sucesso. Contratações dadas como certas, ou quase isso, como Breno Lopes, Rodrigo Sam, Alex, Máxi Rodríguez, Maicon e Vitinho acabaram não se concretizando ou demorando mais que o esperado (Maicon disse que não vinha, depois disse que vem, deu um mim acher, mas parece que vai pintar na Ressacada nesta semana).

A falta de dinheiro é sempre apontada como um empecilho para que o Avaí contrate jogadores. Fala-se que o clube adota como teto salarial 60 mil reais mensais, o que, de fato, seria um valor bem baixo para uma Série A de Campeonato Brasileiro. Cabe lembrar que essa falta de dinheiro não é fruto de nenhuma maldição, castigo divino ou catástrofe natural, mas sim de más gestões anteriores, das quais muitos dos dirigentes que hoje estão no clube faziam parte.

E, se falta dinheiro, é estranho que o Avaí continue a contratar jogadores em quantidade em detrimento da qualidade. Embora num ritmo pouco menor que anos anteriores, ainda chegam jogadores de penca na Ressacada. Somente neste ano, pelas nossas contas, 12 atletas foram contratados e pelo menos mais sete foram tentados (além dos seis citados no primeiro parágrafo, o artilheiro do estadual, Jonatas Belusso, do Brusque, também foi objeto de desejo). A torcida ainda espera os "tiros certeiros" para a Série A, prometidos no início do ano, quando a diretoria anunciou que não abriria os combalidos cofres azurras no estadual.

Confira abaixo quem são esses "reforços", com alguns números sobre eles e a média no Troféu Avaí, iniciativa de torcedores que a cada rodada dão notas aos jogadores do Leão, com o objetivo de, no fim do ano, premiar o melhor da temporada.

GOLEIRO

O Avaí repôs a saída de Renan, titular na Série B, com um goleiro com histórico de lesões, que foi reserva do reserva de Grêmio e Corinthians e teve passagens de algum destaque por times pequenos de São Paulo (Bragantino e Sertãozinho). Douglas, de 28 anos, disputou apenas dois jogos pelo Leão em 2017, totalizando 194 minutos em campo e sofrendo dois gols. Alternou boas defesas com falhas primárias e não deixou em ninguém a certeza de que é melhor que o contestado Kozlinski. Ainda, quando esteve prestes a assumir a titularidade, pisou-se. Apesar disso, sua média no Troféu Avaí é 6,0, a sexta melhor do ano e a melhor entre os três goleiros usados até o momento (Kozlinski tem 5,8).

LATERAIS-DIREITOS

O Avaí disputou a reta final da Série B com Alemão na lateral-direita. Jogador da posição, Renato foi deslocado para a chamada "segunda linha", fazendo a função de meia-atacante. Não teve seu empréstimo renovado pelo Fluminense e voltou ao time carioca para a temporada 2017. Para repor essa posição, chegaram, até o momento, dois jogadores.

Vindo do rival, Leandro Silva, 29 anos foi uma das melhores contratações de 2017. Conhecido pelas qualidades defensivas, surpreende ao ser um dos líderes em assistências para gol no ano (quatro), junto com Júnior Dutra, além de ter marcado dois gols (de cabeça e de fora da área). Com esses números, é o quarto jogador que mais participou diretamente de gols no ano, atrás apenas do trio ofensivo Júnior Dutra, Denílson e Rômulo. Ficou alguns jogos fora por lesão e, por isso, esteve em campo em 17 partidas, totalizando 1.534 minutos. Média no Troféu Avaí: 6,2 (terceiro colocado, junto com Judson).

O jogador que vem para ser o "Renato de 2017" é Diego Tavares, 25 anos, ex-Paraná, contratado após o estadual. Pode jogar tanto na lateral, como no meio e ataque. Disputou os dois jogos do time no Campeonato Brasileiro, totalizando 91 minutos em campo, e ainda não deixou boa impressão. Média no Troféu Avaí: 4,0.

ZAGUEIROS

Fábio Sanches formou com Betão uma zaga invicta na Série B (13 jogos e nenhuma derrota). Chamou a atenção do Goiás, que, embora na Série B, tem mais recur$$o$ que o Avaí. Para repor sua saída, três jogadores já chegaram à Ressacada.

Um foi o experiente Gustavo Schiavolin, 35 anos, ex-Palmeiras, Atlético Paranaense e Bahia, que ano passado pouco jogou pelo time baiano por causa de lesão. Em tese, chegou para ser titular, mas Alemão, agora na zaga, formou boa dupla com Betão e não deu espaço para o veterano, que disputou seis jogos, totalizando 404 minutos em campo. "Discreto" é um bom adjetivo para seu desempenho, já que não fez nada muito digno de nota, nem para bem e nem para o mal. Média no Troféu Avaí: 4,9.

Outro contratado foi o obscuro colombiano Salazar, 22 anos, vindo de um microtime chamado Barra, que disputou a segundona catarinense ano passado. Jogador mais alto do elenco avaiano (2,00m), Salazar entrou em campo em apenas duas partidas, ambas com o time "B", e ficou 194 minutos em campo. Com um porte físico que nos lembra os nada saudosos Paulão e Leandro Bambu (sem rima, por favor), Salazar até que não foi mal. Chegou a ser eleito pela turma do Troféu Avaí como o melhor em campo na derrota para o Inter de Lages. Média no Troféu Avaí: 5,8.

Terceiro contratado para a zaga, Aírton, 26 anos, veio do Paraná para a disputa da Série A, mas ainda não entrou em campo.

VOLANTES

Acostumamo-nos, nos últimos anos, a ver o Avaí trazer uma carrada de volantes. Parecia fetiche dos dirigentes por essa posição. Em determinados momentos não sabíamos se estávamos torcendo para um time de futebol ou para uma concessionária da Volkswagen (ok, foi fraca, dsclp). Em 2017, o ritmo de contratação de volantes diminuiu, mas não foi desprezível. Luan e Judson permaneceram como titulares, Jajá, Luiz Gustavo e João Filipe foram embora e para reforçar o setor o Leão trouxe, até o momento, três jogadores.

O primeiro a chegar foi um velho conhecido, Ferdinando, que já tinha jogado no Avaí entre 2006 e 2009. Tudo bem que veio pra quitar uma dívida do clube com ele, mas, se foi anunciado e apresentado como reforço, quem sou eu para dizer que não é? Só que um jogador de 37 anos, com lesão recente e que pouco jogou por um time rebaixado à Série D ano passado (Portuguesa) não é bem que os avaianos esperavam para um ano de Série A. Ferdi disputou cinco jogos no estadual, totalizando 441 minutos em campo, e nem de perto lembrou o cão-de-guarda do time sexto colocado no nacional de 2009. Média no Troféu Avaí: 4,8.

Ainda durante o Campeonato Catarinense, com as lesões de Luan e Judson, o Avaí sentiu que Ferdinando e Renato Júnior, os substitutos imediatos, não dariam conta. Veio, então, por indicação do treinador Claudinei Oliveira, Lucas Otávio, vulgo Batatinha, ex-Santos e Paraná. O jovem de 23 anos e 1,64m (segundo mais baixo do elenco, apenas 2cm mais alto que Santarém) até mostra alguma intimidade com a bola, mas seu chassi de grilo não indica que tenha futuro jogando na volância. Um tranco de Túlio de Melo na frente da área que resultou em gol da Chapecoense ilustra isso. Batatinha disputou quatro jogos, totalizando 253 minutos. Média no Troféu Avaí: 5,4.

Por fim, para a disputa da Série A, veio Welington Simião, ex-Ituano, jogador de 30 anos que nunca disputou uma edição da elite do futebol nacional. É de se imaginar o que a diretoria avaiana considera "tiro certeiro"quando se vê uma contratação dessas. Talvez falavam sobre o chute de longa distância de Simião que, dizem, é bom. No entanto, ele ainda não teve oportunidade de mostrar essa qualidade nos 48 minutos que ficou em campo durante os dois jogos que disputou no Brasileirão. Média no Troféu Avaí: 5,5.

MEIA-ATACANTE

Vamos tratar como "meia-atacante", e não apenas "meia", pois no esquema do Claudinei os meias são atacantes e os atacantes são meias.

Dono do clube da posição, Marquinhos permaneceu para 2017 e, como esperado, segue como titular do time. Também como esperado, não veio ninguém que pudesse ameaçar sua titularidade na posição. O único reforço para a meia-cancha ofensiva foi o enigmático Marcelinho, 29 anos, vindo do futebol da Índia, depois de vários anos jogando na Grécia e em clubes pequenos do Brasil, como Tombense, Ipatinga e Anápolis. Veio com o cartaz de ter sido o melhor jogador do último Indianão. Autor da célebre frase "Quem poupa o lobo, sacrifica as ovelhas" em sua conta no Twitter, Marcelinho jogou muito pouco, não só qualitativamente falando, mas quantitativamente também: apenas 132 minutos, em cinco partidas. Média no Troféu Avaí: 4,7.

ATACANTES

William e Lucas Coelho, atacantes que alternaram a titularidade na Série B, não permaneceram para 2017, assim como Tatá e Romarinho. Para substituí-los, o Avaí apostou em duas incógnitas, que surpreenderam positivamente.

Cria da base do Fluminense, com passagens pelo futebol do glorioso Azerbaijão e pelo time "B" do Granada, da Espanha, o até então desconhecido Denílson, de 21 anos, é o artilheiro do Avaí na temporada, com oito gols. Também deu uma assistência, o que faz dele o segundo jogador que mais participou de gols no ano. É verdade que caiu de produção com o passar dos jogos e não lembro mais o avassalador jogador que marcou cinco gols nas primeiras cinco partidas com a camisa do Leão, o que o fez receber o apelido de Denilshow. No entanto, desempenha papel tático importante no esquema de Claudinei Oliveira, jogando aberto pelo lado esquerdo, e é sim uma das poucas contratações que contribuíram para melhoria do time no ano. Média no Troféu Avaí: 6,1 (quinto colocado).

Outro atacante contratado nesta temporada, Júnior Dutra, 29 anos, veio da reserva do Vasco para ser um dos destaques do Avaí no ano. Autor de sete gols e quatro assistências, é o que mais participou diretamente de gols. Também é um dos que mais vezes entrou em campo, totalizando 23 jogos e 1.874 minutos (quinto colocado nesse quesito). Média no Troféu Avaí: 6,3 (segundo colocado).

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