terça-feira, 2 de maio de 2017

Complicou


Se o Avaí contava com um bom resultado na Ressacada para tentar decidir em Chapecó, as coisas não poderiam ter dado mais errado. A derrota obriga o Leão a tentar um feito inédito em sua história: ser campeão fora de casa depois de perder a primeira partida da decisão em casa.

Com a volta de Denílson, artilheiro do clube na temporada (8 gols), Claudinei Oliveira optou pela saída do time de Diego Jardel (1 gol, 3 assistências). No mais, manteve a mesma formação tática (4-2-3-1) usada na maior parte do ano, mesmo que o time tivesse caído bastante de produção no returno do estadual e principalmente nos últimos quatro jogos (dois empates, duas derrotas e apenas um gol marcado).

Jamais saberemos se daria certo, pois, aos 19 minutos, Capa tornou-se o primeiro jogador do Avaí expulso em 2017 e o primeiro depois de 28 jogos (desde a partida contra o Vasco, na 33a. rodada da Série B de 2016). Oito minutos depois, Claudinei Oliveira tentou recompor a defesa colocando o zagueiro Maurício (até então, cinco jogos e 220 minutos em campo no ano), de 1,88m, quebrando galho na lateral-esquerda, no lugar de Marquinhos (que saiu aos 27 minutos, o menor tempo dele em campo no ano).

Torcedores e próprio Marquinhos, em entrevista pós-jogo, questionaram essa alteração. O meia definiu-se como "a referência do time" e sugeriu que seria absurdo tirá-lo do time por isso. Um pouco de exagero. Com 10 contra 11, o treinador avaiano tentou formar um 4-4-1 - com Leandro Silva, Alemão, Betão e Maurício na defesa, Luan e Judson como como volantes, Rômulo e Denílson abertos e Júnior Dutra mais à frente -, no qual Marquinhos teria pouca utilidade por ser lento e de pouca marcação.

O Galego até poderia ser esse "1" lá na frente, mas sem a mesma mobilidade de Dutra, poderia, no máximo, tentar segurar a bola para a chegada dos meias - é de se imaginar, no entanto, que pouco criaria contra os zagueiros e volantes da Chapecoense. Também é preciso relativizar essa "referência", que hoje é mais pelo peso da história e liderança que técnica. Marquinhos participou de apenas três gols em 16 partidas de 2017 (2 gols, 1 assistência), bem aquém do trio ofensivo Dutra (7 gols, 4 assistências), Denílson (8 gols, 1 assistência) e Rômulo (6 gols, 2 assistências). Também sua tão falada bola parada já não se mostra tão eficiente: apenas um gol (de falta, contra o Metropolitano) e uma assistência (de escanteio, contra o Figueirense) no ano.

Claudinei tomou a decisão mais racional ao tirar Marquinhos, o que não impediu o Avaí de sofrer o gol ainda no primeiro tempo, antes da expulsão de Andrei Girotto, da Chapecoense. Agora no 10 contra 10, esperava-se que o treinador tentasse recompor o setor de criação, mas, em vez de um meia, optou pelas entradas de João Paulo no lugar de Maurício e de Lourenço no lugar de Luan. Acabou o jogo com quatro atacantes e nenhum meia, mesmo tendo Diego Jardel e Vinícius Pacheco no banco. Júnior Dutra acabou sendo sacrificado e teve que fazer o papel de armação no meio, mesmo não sendo o seu forte - acredito que Rômulo seria o jogador mais indicado para fazer isso.

O Avaí até criou algumas chances, mas não conseguiu marcar e amargou sua primeira derrota em um jogo de final de campeonato na Ressacada em sua história (nove partidas). A vitória confirma o bom momento da Chapecoense e o mau do Leão. Desde a nona rodada do turno, o time do Oeste somou 28 pontos, contra 14 nossos.

Para conquistar o título, o Avaí precisa vencer por pelo menos dois gols de diferença em Chapecó. Um desafio e tanto para um time que fez apenas um gol nos últimos cinco jogos. Para chegar lá, possivelmente Claudinei terá que mudar o esquema tático do time, algo não feito até agora, a não ser em poucos minutos durante o segundo turno. Dois meias? Três zagueiros? Enfim, alguma mudança é necessária.

Seca

O Avaí parou de fazer gols e isso se reflete na "seca" enfrentada por seus meias e atacantes, que vão precisar desencantar em Chapecó para ficarmos com o título. Veja há quantos minutos em campo cada um deles não consegue fazer gol neste ano.

Diego Jardel - 582 minutos
Lourenço - 471 minutos*
Marquinhos - 423 minutos
Júnior Dutra - 387 minutos
Denílson - 230 minutos
Vinícius Pacheco - 212 minutos
Yuri - 166 minutos*
Santarém - 142 minutos*
Devid - 139 minutos*
Marcelinho - 132 minutos*
Rômulo - 114 minutos
Toshi - 77 minutos*

*ainda não marcaram gol no ano

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